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Regulamentação brasileira sobre biodiesel importado levanta incertezas


29/11/2023


As partes interessadas brasileiras no biodiesel buscam esclarecimentos sobre o anúncio do regulador de combustíveis do país após aprovar o uso de biodiesel importado na mistura obrigatória do país ao diesel, já que a notícia levantou algumas incertezas entre os participantes.


A chamada Resolução 962/2023 foi publicada oficialmente no dia 28 de novembro, prorrogando a Resolução 14/2020 do Conselho Nacional de Política Energética que já permitia importações para consumo próprio ou uso experimental. A nova regulamentação entrará em vigor a partir de 2 de janeiro do próximo ano.

 

Mas enquanto o governo abre caminho para apoiar as importações de biodiesel, o Brasil ainda tem uma capacidade ociosa espalhada pelos atuais 61 produtores autorizados.

 

Segundo dados da ANP, a capacidade nominal de produção de biodiesel no Brasil ficou em torno de 13,70 milhões de metros cúbicos no ano passado, mas a produção real foi de pouco mais de 6,20 milhões de metros cúbicos. O mandato do biodiesel deverá aumentar 1 ponto percentual por ano para atingir 15% em 2026.

 

Participantes do mercado disseram à S&P Global Commodity Insights que ainda estavam analisando possíveis riscos para seus negócios após a publicação da resolução.

 

“Dependendo da competitividade, poderá gerar mais liquidez no mercado”, disse um distribuidor de combustíveis. "Mas ainda não temos certeza dos cálculos e números."

 

Um trader, por sua vez, destacou que os importadores precisarão avaliar condições logísticas específicas antes de iniciarem compras regulares, pois ainda existem algumas incertezas em relação a possíveis impostos.

 

Por enquanto, as fontes concordam que a Argentina poderá ser a mais beneficiada com tal regulamentação, uma vez que o país é um grande produtor de biodiesel.

 

“O produto argentino impactaria mais nos estados do Sul do Brasil por questões logísticas”, disse uma fonte.

 

A oferta da Argentina deverá melhorar a partir de abril, prejudicando a colheita de soja do país e o subsequente aumento nos volumes moídos. O óleo de soja é a principal matéria-prima da indústria argentina de biodiesel.

 

O sinal verde da ANP para o uso de biodiesel importado na mistura obrigatória do Brasil desagradou a indústria local, que garante que há oferta suficiente para atender às regulamentações.

 

“Vale ressaltar que atualmente o preço do biodiesel brasileiro é melhor que o do importado e que não falta produto”, disse André Nassar, presidente-executivo da associação brasileira de esmagadores de oleaginosas Abiove, em nota. Ainda assim, tal decisão poderá ter um “impacto negativo” na produção local, acrescentou.

 

A S&P Global estima que o Brasil produzirá 7,68 milhões de toneladas de biodiesel em 2024, um aumento de 14,5% em relação a 2023, já que a mistura obrigatória ao diesel A deverá aumentar a partir de abril.

 

No que diz respeito às matérias-primas, o cenário que se desenrola parece favorável para a indústria brasileira de biodiesel, já que o país provavelmente repetirá uma colheita histórica de soja de 158 milhões de toneladas na campanha de comercialização de 2023-24 (fevereiro-janeiro), com expectativa de aumento dos volumes moídos. em 3,7%, para o histórico de 56,10 milhões de toneladas, de acordo com estimativas da S&P Global.

 

A produção brasileira de óleo de soja pode atingir um recorde de 11,30 milhões de toneladas no MY 2023-24, de 10,70 milhões de toneladas no MY 2022-23, com 5,26 milhões de toneladas do óleo comestível provavelmente sendo usadas para a produção de biodiesel, um salto de 14% no ano , Previsões globais da S&P.

 

O óleo de soja é a principal matéria-prima da indústria brasileira de biodiesel, respondendo por mais de 70% de todas as matérias-primas aplicadas no processo produtivo, segundo dados da ANP.


Fonte : spglobal.com