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Grupo OCQ compra Elekeiroz e entra no setor petroquímico


26/03/2023


O grupo brasileiro OCQ, dono da Oswaldo Cruz Química e investidor em outras 18 empresas nessa área, fechou ontem com a H.I.G. Capital a compra da Elekeiroz, maior produtora de químicos intermediários no país e terceira maior fornecedora de matérias-primas do novo controlador.

A partir da aquisição, o grupo quase dobra de tamanho, passando de R$ 2,4 bilhões para R$ 4,6 bilhões de faturamento anual, entra no mercado petroquímico e verticaliza suas operações.

“A aquisição traz maior acesso à cadeia do petróleo e a matérias-primas que são estratégicas, inclusive para novos produtos”, disse entrevista ao Valor um dos sócios e fundadores do grupo, Francisco Fortunato.

O valor da transação não foi divulgado. Mas, para fazer frente à aquisição, o OCQ levantou R$ 600 milhões com sua primeira emissão de debêntures, em operação coordenada por UBS BB, Bradesco BBI e Safra, e também usará recursos próprios.

Pioneira na obtenção de diferentes produtos químicos a partir do etanol e nome icônico da indústria química brasileira, a Elekeiroz foi vendida à H.I.G. em 2018 pela Itaúsa, holding que controla o Itaú Unibanco, a Dexco, a concessionária de infraestrutura CCR, entre outros negócios.

À época, o fundo americano pagou R$ 160 milhões pelas ações detidas pela Itaúsa e, depois, lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) pelas ações que estavam em circulação no mercado, fechando o capital da Elekeiroz.

Ontem, ao anunciar o desinvestimento, a H.I.G. informou que, nos últimos cinco anos, direcionou esforços para expandir a capacidade de produção da Elekeiroz, otimizar a estrutura de despesas com vendas, gerais e administrativas e montar um plano estratégico de cinco anos.

Em nota, o CEO da H.I.G. Brasil e América Latina, Fernando Marques Oliveira, disse que foi possível “aumentar a posição de liderança da empresa no mercado brasileiro e executar vários projetos de crescimento e eficiência de custos”. Diferentemente das transações mais recentes na indústria química, desta vez, um grupo brasileiro e com tradição no setor ficou com um ativo relevante para a base industrial nacional.

Fundada em 1984 por três irmãos - Domingos, Francisco e Sérgio Fortunato (este já deixou a sociedade) -, a Oswaldo Cruz Química nasceu dedicada à produção de adesivos especiais e deu origem ao grupo que, hoje, é um dos maiores da indústria na América Latina, com portfólio diversificado, 15 fábricas e 20 empresas investidas, considerando-se a Elekeiroz.

O crescimento ao longo dos anos se deu organicamente e via aquisições. Presente em oito países, o grupo tem 100% de participação ou posição majoritária em oito empresas: Oswaldo Cruz Química, Chembro Química, Vetta Química, Fortbanco, A&S Tecnologies, Noren Plast, BR Resinas e PU Polymers. Nas demais, é co-controlador ou tem participação minoritária.

Atualmente, é o único a produzir no Brasil quatro tipos de resinas especiais - PVA, acrílicas, alquídicas e poliéster - e compete com grandes players como Basf, Dow e Unigel, entre outras. Seus produtos são destinados a diferentes setores e indústrias, incluindo construção civil, tintas e vernizes, têxtil, automotivo, adesivos, embalagens e papel.

Com a compra da Elekeiroz, o Grupo OCQ praticamente triplica de tamanho em produção, com mais de 615 mil toneladas anuais. A partir da ocupação máxima das fábricas, esse volume pode crescer em 120 mil toneladas anuais. Além disso, passa a disputar clientes no agronegócio, um dos motores da economia brasileira, uma vez que a Elekeiroz produz o ácido sulfúrico que é usado na fabricação de fertilizantes. E poderá fazer no país produtos químicos que hoje são importados, como determinados plastificantes.

Segundo Fortunato, o grupo não chegou a avaliar a aquisição da empresa quando a Itaúsa decidiu vendê-la. “É a maior aquisição do grupo. Lá atrás, ainda não estávamos preparados e não tinha tanta sinergia, porque não tínhamos todos os negócios que temos hoje”, contou.

Nos últimos anos, o grupo promoveu uma ampla reestruturação, incluindo na governança e em linhas de negócio, e profissionalizou seus quadros. “Neste momento, estamos maduros”, disse o empresário.

Conforme o empresário, a proposta é manter a Elekeiroz como empresa independente e manter o atendimento aos clientes atuais da companhia, mesmo com a integração de parte da produção em suas linhas.

O Grupo OCQ foi assessorado pela Astoria e a H.I.G., pelo BTG Pactual e Lincoln International.

Fonte : valor.globo.com



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