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Indústria química alega concorrência desleal de importados e fecha duas fábricas


09/09/2024


Duas grandes fabricantes de produtos químicos decidiram fechar suas unidades no Brasil diante do surto de importações baratas vindas principalmente da Ásia.


A Fortal Química, do grupo Formitex, resolveu paralisar por tempo indeterminado suas atividades em Candeias (BA) por causa da concorrência com produtos chineses.


A Rhodia, controlada pela belga Solvay, comunicou o fechamento de uma unidade produtiva em Paulínia (SP) que estava em operação desde 1980.


Ambas as decisões pressionam o governo a elevar tarifas de importação no setor como forma de conter a entrada de químicos do exterior.


No dia 18, o Gecex — comitê executivo da Câmara de Comércio Exterior e integrado por dez ministérios — vai analisar um pedido da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) para o aumento temporário das tarifas sobre 63 produtos.


Entre 2000 e 2023, a participação dos importados no mercado brasileiro saltou de 21% para 47%. No primeiro semestre de 2024, o déficit comercial do setor chegou a quase US$ 22 bilhões e o nível de ociosidade da indústria nacional é o pior índice da história.


Rhodia e Fortal


O presidente da Abiquim, André Passos Cordeiro, culpa a demora em uma decisão pelo fechamento das unidades produtivas da Fortal e da Rhodia.


No dia 9 de agosto, a Rhodia enviou uma carta explicando a situação da empresa para o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin.


Na carta, obtida pela CNN, a presidente do Grupo Solvay América Latina, Daniela Rattis Manique, avisa que a produção do bisfenol A será encerrada no Brasil.


A justificativa apresentada pela executiva é a “indisponibilidade de energia e gás a preços competitivos” e o “crescente surto de importações desleais”.


O bisfenol A tem duas aplicações. Ele é usado na fabricação de policarbonato, um tipo de plástico transparente e resistente que serve de insumo para lentes de óculos, garrafas de água reutilizáveis, faróis e displays de veículos.


Também é usado para revestimentos epóxi, que são matéria-prima importante para pás eólicas, tintas industriais e para a construção civil.


As importações de bisfenol, principalmente da China, cresceram de 1,6 mil para 3,2 mil toneladas entre 2022 e 2023. Além disso, os preços caíram 32%.


A planta da Rhodia é a única linha de produção em toda a América do Sul.


No caso da Fortal Química, a empresa optou pela paralisação de suas atividades por “tempo indeterminado”, também alegando incapacidade de competir com importados.


Ela produz HPMC (hidroxipropilmetilcelulose), que tem sido vendida pelos chineses no mercado brasileiro a cerca de US$ 2/kg. O custo de produto, segundo a Abiquim, gira em torno de US$ 2/kg. Taiwam e Coreia do Sul são outros grandes fornecedores do produto.


Fonte : itatiaia



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