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Químicos importados atingem fatia recorde de 47% no consumo brasileiro em 2023, indica Abiquim


08/03/2024


A participação de produtos químicos de uso industrial no consumo aparente nacional atingiu em 2023 a maior fatia em 30 anos, de 47%, com o aumento das importações em um momento de demanda desaquecida, segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).

 

Em intermediários para resinas termofixas, o aumento do volume importado foi de quase 86%. O crescimento nas importações de plastificantes (57,3%), resinas termofixas (44,2%) e resinas termoplásticas (17,1%) também foi destaque.

 

“O setor não consegue competir com a agressividade do importado, tampouco buscar alternativas no mercado externo”, disse, em nota, a diretora de Economia e Estatística da entidade, Fátima Giovanna Coviello Ferreira.

 

Para o economista Paulo Gala, da Fundação Getulio Vargas (FGV), o cenário é preocupante. “Importante ressaltar que, em um ano em que a economia brasileira apresentou um crescimento de 3%, a indústria química experimentou uma contração de 10%. Isso mostra claramente um grave processo de desindustrialização”, afirmou, na nota.

 

Conforme a Abiquim, a produção nacional de químicos caiu 10,1% e as exportações cederam 10,9% no ano passado, enquanto as importações subiram 7,8%. Já a demanda brasileira, medida pela soma da produção e das importações menos as exportações, recuou 1,5%, e as vendas internas encolheram 9,4%.

 

A taxa de utilização da capacidade instalada chegou a 64%, menor nível da série histórica. Segundo a Abiquim, 2007 foi o último ano considerado dentro do padrão de normalidade para uma unidade de produção química.

 

Em relação aos preços, o segmento de produtos químicos de uso industrial acumulou deflação de 12,7% em 2023, acompanhando a tendência vista no mercado internacional.

 

De acordo com a Abiquim, a nova política industrial e as perspectivas em torno do programa Gás para Empregar trarão benefícios, mas ainda é necessário adotar uma ação emergencial para conter o avanço das importações.

 

“A manutenção do quadro internacional atual, associado à elevada ociosidade e às crescentes importações, pode comprometer o parque instalado, trazendo consequências desastrosas ao país, com a desativação de unidades, perda de postos de trabalho e menor arrecadação de impostos pelo setor, que é atualmente o primeiro no pagamento de tributos federais”, disse a executiva.

 

Segundo a Abiquim, a queda da produção de químicos em 2023 gerou perda de quase R$ 8 bilhões na arrecadação de impostos federais.


Fonte : Abiquim



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