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Unigel volta a paralisar operação de fábricas de fertilizantes arrendadas da Petrobras


06/03/2024


Em meio a questionamentos sobre o contrato de industrialização sob encomenda (“tolling”) firmado com a Petrobras, a Unigel voltou a paralisar, a partir desta quarta-feira, as operações nas duas fábricas de fertilizantes nitrogenados arrendadas da estatal. Conforme a petroquímica, a decisão se deve aos elevados preços do gás natural, matéria-prima para obtenção de amônia e ureia, que inviabilizam economicamente a atividade.

 

“A companhia continuará com uma infraestrutura mínima para manutenção e preservação dos ativos, além de garantir o cumprimento dos compromissos legais e socioambientais”, informou, em nota. A Unigel arrendou no fim de 2019 as fábricas de fertilizantes da Petrobras em Camaçari (BA) e Laranjeiras (SE), que estavam hibernadas porque sua operação era deficitária.

 

A companhia privada retomou entre 2021 e 2022 a produção nas unidades, mediante investimentos de cerca de R$ 600 milhões. Mas acabou suspendendo as atividades um ano depois, sob a justificativa de que a queda acentuada dos preços da ureia no mercado internacional não foi acompanhada pelo custo do gás natural, inviabilizando a operação.

 

A Unigel enfrenta uma grave crise financeira e apresentou, há duas semanas, um plano de recuperação extrajudicial para renegociar R$ 3,9 bilhões em dívidas com credores financeiros, que podem ficar com 50% das ações da petroquímica se houver acordo.

 

Conforme a petroquímica, a decisão de ingressar no setor de fertilizantes, em 2020, foi tomada com base na expectativa de abertura do mercado livre de gás natural no país. Contudo, o preço do insumo segue entre os mais elevados do mundo, custando “até seis vezes mais que no Oriente Médio e Estados Unidos”.

 

“A Unigel suportou prejuízos durante todo o ano de 2023 e também em 2024, mas mesmo assim preservou a maior parte de seu quadro de funcionários, na expectativa de que fossem bem-sucedidas as negociações e frentes de trabalho buscando a redução do preço do gás natural via governo federal, bem como uma alternativa temporária via contrato de “tolling”, além da parceria estratégica em combustíveis renováveis junto à Petrobras, as quais não entraram em vigor até o momento”, informou, na nota.

 

No início do mês, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou indícios de irregularidade e prejuízo potencial de R$ 487,1 milhões à Petrobras no contrato de industrialização sob encomenda de fertilizantes firmado em dezembro com a Unigel.

 

Em despacho, a área técnica do TCU indicou que também vê prejuízo potencial em caso de retomada, pela Petrobras, das plantas arrendadas, no montante de R$ 1,23 bilhão. Já a não retomada das unidades pela estatal traria perdas de R$ 542,8 milhões.

 

Acerca da análise pelo TCU do contrato de “tolling”, a Unigel afirmou que a entrada em vigor ainda depende do cumprimento de condições precedentes e que não participa da governança interna da Petrobras. A estatal informou, nesta semana, que uma investigação interna apontou que não houve ingerência de dois de seus diretores na assinatura do contrato .

 

“A Unigel segue acreditando na sensibilização do governo federal, através dos poderes executivo e legislativo, dos governos estaduais e da Petrobras quanto às políticas de preço do gás natural destinado à indústria nacional que se encontra em grande parte combalida pela falta de competitividade gerada pelo alto custo dessa matéria-prima”, acrescentou.

 

Cabe salientar que, em relação ao contrato de tolling, uma vez cumpridas as condições precedentes, a companhia poderá reavaliar a retomada da produção.

 

Fone : ValorGlobo